terça-feira, 23 de agosto de 2011

ANÁLISE DA OBRA IRACEMA, DE JOSÉ DE ALENCAR



Vida do Autor

José Martiniano de Alencar nasceu em Mecejana, Ceará, no ano de 1829. Formou-se na Faculdade de Direito em Recife. Com o falecimento do pai, Alencar ingressa na vida política como deputado do Ceará. Mais tarde, é eleito Ministro da Justiça, mas é rejeitado pelo Imperador D. Pedro II. Com isso, Alencar decide deixar a vida política e se dedica à literatura. Portador da tuberculose, resolve ir à Europa para um tratamento. Sem nenhum resultado, regressa ao Rio de Janeiro onde vem a falecer no ano de 1877.

Estilo

- Luta pela criação de uma língua literária brasileira com a incorporação de falas regionais e de expressões indígenas.
- Procurou criar um sentimento de identidade nacional com sua obra indianista.
- As narrativas são marcadas por forte moralismo, com ausência de cenas de sexualismo explícito.
- A linguagem é carregada de adjetivação, descritismo e musicalidade.
- Suas personagens são idealizadas.

Contribuição para a história brasileira

Após a independência política, em 1822, os escritores necessitavam também de uma independência artística e estética. Eles visavam criar uma literatura propriamente nacional, por isso era preciso adotar um nome tutelar pátrio e foi no índio que a figura de um símbolo heróico surgiu. O índio era um sujeito indomável, livre e filho da terra. As qualidades dos cavaleiros medievais foram tipicamente aculturadas, tornando-o o símbolo da Terra e da Pátria. Essa foi a forma de criar aquele passado mítico necessário ao orgulho nacional. Diversos escritores procuraram criar um projeto de nacionalização da literatura brasileira, mas foi através das obras de José Alencar (Guarani-1857, Iracema- 1875 e Ubirajara- 1871), que se fundou um romance propriamente nacional.

Resumo

O Romance Iracema conta a história triste de amor entre Martim, o guerreiro português e Iracema, jovem e bela índia tabajara, filha de Araquém, pajé da tribo. Martim sai à caça com seu amigo Poti, guerreiro Pitiguara, e perde-se do companheiro. De tanto caminhar, Martim acaba se encontrando nos campos dos inimigos tabajaras. O guerreiro encontra-se com Iracema que, amedrontada, rapidamente o fere com uma flechada. Arrependida de ter machucado o guerreiro branco, ela o acolhe na cabana de Araquém, chefe da Tribo Tabajara. Iracema pede ao guerreiro que esperasse a volta de Caubi, seu irmão, para que possa chegar são e salvo às terras Pitiguaras. Porém, Iracema apaixona-se por Martim e acaba traindo o segredo de jurema, que guardava como virgem de Tupã. Por causa de sua traição, Iracema acompanha Martim, deixando na sua tribo um ambiente de revolta, acirrado pelos ciúmes de Irapuã, chefe dos guerreiros Tabajaras e inimigos dos Pitiguaras. Por sua fuga e pela traição do hóspede português, é desencadeada uma guerra de vingança e os tabajaras são derrotados. Iracema vê seus irmãos mortos. Martim, vendo a tristeza da esposa, resolve, junto com seu amigo Poti, morar bem longe das terras Tabajaras. Durante algum tempo, Iracema e Martim vivem uma vida regada de amor. Depois de algumas luas, Iracema anuncia ao guerreiro e a seu amigo Poti que está esperando um filho. O amor de Martim começa a esfriar e para amenizar a nostalgia da pátria distante, causa de sua frieza para com a esposa, ausenta-se em longas e demoradas jornadas. Em um dos seus regressos, encontra Iracema à beira da morte. Exausta pelo esforço que fizera para alimentar o filho recém-nascido e pela tristeza que acabou deteriorando sua formosura, a virgem dos lábios de mel entrega o filho, a quem dera o nome de Moacir, para Martim e em seguida morre. Martim enterra o corpo da esposa abaixo de um coqueiro e parte para sua terra natal, levando o filho e a saudade da fiel companheira.

Estrutura do Enredo

Apresentação - A apresentação inicia-se pela caracterização do local que será o cenário do romance. Em sequência, é feito pelo autor um breve comentário, dizendo que contará uma história que lhe contaram em sua Terra Natal. Logo e por fim, é feita a apresentação das personagens principais (Iracema e Martim). Vale lembrar que o romance inicia-se no segundo capítulo, já que no primeiro temos a presença de um Flash-Back.

- O primeiro acontecimento que desencadeará o desenvolvimento da narrativa será o encontro entre Martim e Iracema. Nesta passagem, Iracema acaba ferindo Martim com uma flecha e, arrependida, ela acaba quebrando-a, dando a haste para Martim e ficando com a sua ponta. Esse ato equivale simbolicamente a um sinal de paz entre ela (povo nativo) e Martim (o colonizador). Após esse acontecimento, haverá uma sequência de problematizações que contribuirão para o clímax e desfecho da obra.

Clímax - Ocorre com o falecimento da índia

Desenlace - Volta de Martim com o filho Moacir para sua terra natal.

Personagens

Todas as personagens são simples, ou seja, são personagens planas.

Protagonistas - Personagens principais:

Iracema (Protagonista Maior) - “A virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque com seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação Tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas”. (ALENCAR, 2006, p.12). Filha do chefe da tribo Tabajara, era a guardiã do segredo de Jurema.

Martim (Protagonista Menor) - “Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.” (ALENCAR, 2006, p.12). Guerreiro português aliado da tribo Pitiguara.

Antagonista

Irapuã - É o chefe dos guerreiros Tabajaras. Inimigo dos portugueses e aliado dos holandeses. Irapuã é um indivíduo agressivo, movido sempre pelo ódio e pelo desejo de vingança. Procura realizar-se pela força e pela violência. Ama Iracema e sente-se enciumado com a presença do estrangeiro na cabana de Araquém.

Personagens tipos

Poti - Um dos chefes dos guerreiros pitiguaras, é amigo de Martim, de quem se considera irmão. Poti destaca-se ao lado dos portugueses na luta contra os invasores holandeses no final do romance. Foi o primeiro índio a ser batizado, e recebe o nome de Antônio Felipe Camarão. Significa no romance a amizade.

Araquém - Pai de Iracema e Caubi, Araquém é o pajé dos tabajaras. Como feiticeiro da tribo, detém os poderes de Tupã. Sua força decorre da prudência e da sabedoria da velhice. No romance simboliza a sabedoria.

Caubi - É filho de Araquém e irmão de Iracema. Guerreiro forte e valente que não guarda rancor da irmã. Simboliza no romance o perdão.

Moacir - É o filho de Iracema e Martim. Representa a miscigenação entre o português e o índio e também o primeiro cearense. Significa no romance o povo brasileiro.

Personagens Secundários: Andira, Jacaúna, Batuireté e Jatobá.

Tempo

No romance predomina o tempo cronológico, que é marcado pelos ritmos da natureza, ou seja, é delimitado pelos elementos da natureza, como a mudança de estações, mudança das luas e pela mudança dos dias. Por fim, podemos perceber que o tempo histórico ocorre no descobrimento do Brasil, mais especificamente no século XVII, já que o livro retrata a luta para a expulsão dos holandeses do nordeste.
“Tempos depois, quando veio Albuquerque, o grande chefe dos guerreiros brancos, Martim e Camarão partiram para as margens do Mearim a castigar o feroz Tupinambá e expulsar o branco Tapuia”. (ALENCAR,2006, p.87).

Espaço

É visto no romance Iracema a valorização da cor local. O autor usa de adjetivos para caracterizar as paisagens do Ceará. Ele apresenta a cor local brasileira quando se refere às praias, rios e florestas e ainda podemos ressaltar as referências de lugares como Porangaba e Mecejana.

Foco Narrativo

Narrador-Observador

O romance é narrado em terceira pessoa (Alencar conta a história de acordo com o que observa dos sentimentos e do comportamento das personagens). Em alguns trechos, é possível localizarmos o envolvimento e a admiração que o autor tem com a Lenda que conta.
“O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu”. (ALENCAR,2006, p.13).
O uso da primeira pessoa é justificado quando o autor cita logo no início do romance que contará uma história que lhe foi contada.
“Uma história que me contaram nas lindas várzeas onde nasci (…)”. (ALENCAR, 2006, p.11).

Tema: Mito que conta a formação do Ceará.

Características Românticas

- Imaginação criadora/Subjetividade

Criações não existentes no mundo real, mas na imaginação do autor. Iracema é era descrita de uma forma totalmente diferente dos índios que realmente existiam nas matas do Brasil.
“O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque com seu hálito perfumado”.(ALENCAR, 2006, p. 12).

- Sentimentalismo

O sentimentalismo está presente em toda a obra de José de Alencar.
“Sofreu mais d’alma que da ferida”. (ALENCAR, p.13)

- Escapismo religioso - “O cristão repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça na cabana hospedeira. Cerra os olhos para não ver; e enche sua alma com o nome e a veneração de seu Deus: – Cristo !… Cristo! …”. (ALENCAR, 2006, p. 29).

Escapismo para os sonhos - “Agora podia viver com Iracema, e colher em seus lábios o beijo, que ali viçava entre sorrisos, como o fruto da corola na flor. Podia amá-la, e sugar desse amor o mel e o perfume, sem deixar veneno no seio da virgem.” (ALENCAR, 2006, p.30).

Escapismo para a morte - “Quando teu filho deixar o seio de Iracema, ela morrerá, como o abati depois que deu seu fruto. Então o guerreiro branco não terá mais quem o prenda na terra estrangeira”. (ALENCAR, 2006, p. 51).

- Nacionalismo (Ufanismo)

Necessidade de eleger símbolos que representem à pátria (natureza e o índio).

- Idealização

Heroína/ Amor/ Natureza

“A virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que o talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque com seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação Tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas”. (ALENCAR, 2006, p.12).

“Nunca mais a alegria voltará ao seio de Iracema: ela vai ficar, como o tronco nu, sem ramas nem sombras”. (ALENCAR, 2006, p. 28).

“Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente,perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;” . (ALENCAR, 2006, p. 11).

- Indianismo

Resgata o ideal do “bom selvagem”, que segundo Rosseau a sociedade corrompe. Sua perfeição seria o índio que não tinha contato com a sociedade corrompida.

- Religiosidade

“Poti foi o primeiro que ajoelhou aos pés do sagrado lenho; não sofria ele que nada mais o separasse de seu irmão branco. Deviam ter ambos um só deus, como tinham um só coração”. (ALENCAR, 2006, p. 87).



Fonte: http://www.alamedavirtual.com.br/analise-da-obra-iracema-jose-de-alencar/

IRACEMA


Iracema, por José Maria de Medeiros.


Iracema (ou Iracema, lenda do Ceará) é um romance da literatura romântica brasileira publicado em 1865 e escrito por José de Alencar, fazendo parte da trilogia indianista do autor. Os outros dois romances pertencentes à trilogia são O guarani e Ubirajara.



Iracema, por Antônio Parreiras.


O romance conta, de forma poética, o amor quase impossível entre um branco, Martim Soares Moreno, pela bela índia Iracema, a virgem dos lábios de mel e de cabelos mais negros que a asa da graúna e explica poeticamente as origens da terra natal do autor, o Ceará.


Personagens

Iracema: Índia da tribo dos tabajaras, filha de Araquém, velho pajé; era uma espécie de vestal (no sentido de ter a sua virgindade consagrada à divindade) por guardar o segredo de Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais religiosos); anagrama de América. "A virgem dos lábios de mel.
Martim: Guerreiro branco, amigo dos pitiguaras, habitantes do litoral, adversários dos tabajaras; os pitiguaras lhe deram o nome de Coatiabo.
Moacir: Filho de Iracema e Martim, o primeiro brasileiro miscigenado.
Poti: Herói dos pitiguaras, amigo (que se considerava irmão) de Martim.
Irapuã: Chefe dos guerreiros tabajaras; apaixonado por Iracema.
Caubi: Índio tabajara, irmão de Iracema.
Jacaúna: Chefe dos guerreiros pitiguaras, irmão de Poti.
Araquém: Pajé da tribo Tabajara. Pai de Iracema e Caubi.
Batuirité: o avô de Poti, o qual denomina Martim Gavião Branco, fazendo, antes de morrer, a profecia da destruição de seu povo pelos brancos.

Características

O gênero literário

Para José de Alencar, como explicita o subtítulo de seu romance, Iracema é uma "Lenda do Ceará". É também, segundo diferentes críticos e historiadores, um poema em prosa, um romance poemático, um exemplo de prosa poética, um romance histórico-indianista, uma narrativa épico-lírica ou mitopoética. Cada uma dessas definições põe em relevo um aspecto da obra e nenhuma a esgota: a lenda, a narrativa, a poesia, o heroísmo, o lirismo, a história, o mito.

Tempo

O encontro da natureza (Iracema) e da civilização (Martim) projeta-se na duplicidade da marcação temporal. Há em Iracema um tempo poético, marcado pelos ritmos da natureza e pela percepção sensorial de sua passagem (as estações, a lua, o sol, a brisa), o qual predomina no corpo da narrativa; e um tempo histórico, cronológico. O tempo histórico situa-se nos primeiros anos do século XVII, quando Portugal ainda estava sob o domínio espanhol (União Ibérica). A dinastia castelhana ou filipina reinava em Portugal e em suas colônias ultramarinas.
A ação inicia-se entre 1603 e o começo de 1604, e prolonga-se até 1611. O episódio amoroso entre Martim e Iracema, do encontro à morte da protagonista, dá-se em 1604 e ocupa quase todo o romance, do capítulo II ao XXXII.

O espaço

A valorização da cor local, do típico, do exótico, inscreve-se na intenção nacionalista de embelezar a terra natal por meio de metáforas e comparações que ampliam as imagens de um Nordeste paradisíaco, primitivo, que nada tem a ver com a aspereza do sertão do semi-árido. É o Nordeste das praias e das serras (Ibiapaba), dos rios (Parnaíba e Jaguaribe) e da Bica do Ipu ou Bica de Iracema.

Análise

A relação do casal serviria de alegoria para a formação da nação brasileira. A índia Iracema representaria a natureza virgem e a inocência, enquanto o colonizador Martim (referência explícita ao deus romano da guerra Marte) representa a cultura europeia. Da junção dos dois surgirá a nação brasileira, representada alegoricamente pelo filho do casal, Moacir ("filho da dor").

A palavra Iracema é um anagrama de América. Para alguns críticos, esse anagrama é proposital, e o livro trata-se, pois, de uma metáfora sobre a colonização americana pelos europeus. O desenvolvimento da história e, principalmente, o final, remetem fortemente à história local.

IRACEMA
AMERICA

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Iracema (Adaptado)

Biografia do autor

O autor

José Martiniano de Alencar (Messejana, 1 de maio de 1829 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1877) foi um jornalista, político, advogado, orador, crítico, cronista, polemista, romancista e dramaturgo brasileiro.

Formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária no Correio Mercantil e no Diário do Rio de Janeiro. Foi casado com Ana Cochrane. Filho do senador José Martiniano Pereira de Alencar, irmão do diplomata Leonel Martiniano de Alencar, barão de Alencar, e pai de Augusto Cochrane de Alencar.

Nasceu em Messejana, na época um município vizinho a Fortaleza. A família transferiu-se para a capital do Império do Brasil, Rio de Janeiro, e José de Alencar, então com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar. Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo, começando o curso de Direito em 1846. Fundou, na época, a revista Ensaios Literários, onde publicou o artigo questões de estilo. Formou-se em Direito, em 1850, e, em 1854, estreou como folhetinista no Correio Mercantil. Em 1856 publica o primeiro romance, Cinco Minutos, seguido de A Viuvinha em 1857. Mas é com O Guarani em (1857) que alcançará notoriedade. Estes romances foram publicados todos em jornais e só depois em livros.

José de Alencar foi mais longe nos romances que completam a trilogia indigenista: Iracema (1865) e Ubirajara (1874). O primeiro, epopeia sobre a origem do Ceará, tem como personagem principal a índia Iracema, a "virgem dos lábios de mel" e "cabelos tão escuros como a asa da graúna". O segundo tem por personagem Ubirajara, valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção à maturidade.

Em 1859, tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860 ingressou na política, como deputado estadual no Ceará, sempre militando pelo Partido Conservador (Brasil Império). Em 1868, tornou-se ministro da Justiça, ocupando o cargo até janeiro de 1870. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império, não tendo sido escolhido pelo Imperador por ser muito jovem ainda.

Em 1872 se tornou pai de Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca totalmente confirmada, seria na verdade filho de Machado de Assis, dando respaldo para o romance Dom Casmurro. Viajou para a Europa em 1877, para tentar um tratamento médico, porém não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro no mesmo ano, vitimado pela tuberculose. Machado de Assis, que esteve no velório de Alencar, impressionou-se com a pobreza em que a família Alencar vivia.

Produziu também romances urbanos (Senhora, 1875; Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893), regionalistas (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerra dos Mascates, 1873), além de peças para o teatro. Uma característica marcante de sua obra é o nacionalismo, tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua portuguesa. Em um momento de consolidação da Independência, Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país. Em sua homenagem foi erguida uma estátua no Rio de Janeiro e um teatro em Fortaleza chamado "Teatro José de Alencar".

Características da obra de Alencar

A obra de José de Alencar pode ser dividida em dois grupos distintos

Quanto ao Espaço Geográfico

• O sertão do Nordeste - O Sertanejo
• O litoral cearense - Iracema
• Fogo na babilônia
• O pampa gaúcho - O Gaúcho
• A zona rural - Til (interior paulista), O Tronco do Ipê (zona da mata fluminense)
• A cidade, a sociedade burguesa do Segundo Reinado - Diva, Lucíola, Senhora e os demais romances urbanos.

Quanto à Evolução Histórica

• O período pré-cabralino - Ubirajara.
• A fase de formação da nacionalidade - Iracema e O Guarani.
• A ocupação do território, a colonização e o sentimento nativista - As Minas de Prata (o bandeirantismo) e Guerra dos Mascates (rebelião colonial).
• O presente, a vida urbana de seu tempo, a burguesia fluminense do século XIX - os romances urbanos Diva, Lucíola, Senhora e outros.

Obras

Romances

Cinco minutos, 1856
A viuvinha, 1857
O guarani, 1857
Lucíola, 1862
Diva, 1864
Iracema, 1865
As minas de prata - 1º vol., 1865
As minas de prata - 2.º vol., 1866
O gaúcho, 1870
A pata da gazela, 1870
O tronco do ipê, 1871
Guerra dos mascates - 1º vol., 1871
Til, 1871
Sonhos d'ouro, 1872
Alfarrábios, 1873
Guerra dos mascates - 2º vol., 1873
Ubirajara, 1874
O sertanejo, 1875
Senhora, 1875
Encarnação, 1877

Teatro

O crédito, 1857
Verso e reverso, 1857
O Demônio Familiar, 1857
As asas de um anjo, 1858
Mãe, 1860
A expiação, 1867
O jesuíta, 1875

Crônica

Ao correr da pena, 1874

Autobiografia
Como e por que sou romancista, 1873 (eBook)

Crítica e polêmica

Cartas sobre a confederação dos tamoios, 1856
Ao imperador:cartas políticas de Erasmo e Novas cartas políticas de Erasmo, 1865
Ao povo:cartas políticas de Erasmo, 1866
O sistema representativo, 1866

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Alencar

Questões

01. Em “Iracema” só não se pode dizer que

a) também é conhecida por “Lenda do Ceará”.
b) a história se passa no Vale do Paraíba, às margens do Rio Paquequer.
c) é conhecido como “Poema Americano”.
d) o filho de Iracema é Moacir, em tupi - símbolo da dor.
e) Martim, um aventureiro português, é responsável pelo fato de a heroína abandonar sua tribo.

02. (USP) O índio, em alguns romances de José de Alencar, como Iracema e Ubirajara, é

a) retratado com objetividade, numa perspectiva rigorosa e científica.
b) idealizado sobre o pano de fundo da natureza, da qual é o herói épico.
c) pretexto episódico para descrição da natureza.
d) visto com o desprezo do branco preconceituoso, que o considera inferior.
e) representado como um primitivo feroz e de maus instintos.

03. (Fuvest) “O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí uma predestinação de uma raça?” Eis aí uma reflexão sob a forma de pergunta que o autor, ......, faz a si mesmo com toda propriedade, e por motivos que podemos interpretar como pessoais, ao finalizar o romance ........ . Assinale a alternativa que completa os espaços.

a) José Lins do Rego - Menino do Engenho.
b) José de Alencar - Iracema.
c) Graciliano Ramos - São Bernardo.
d) Aluísio Azevedo - O Mulato.
e) Graciliano Ramos - Vidas Secas.

04. (Mack-SP) Sobre Iracema, é incorreto afirmar que

a) o relacionamento entre Martim e Iracema seria uma alegoria das relações entre metrópole e colônia.
b) Iracema é descrita de uma forma idealizante, comparada com elementos da natureza, característica própria do Romantismo.
c) o personagem Martim é lendário; nunca existiu, tratando-se, portanto, de uma figura fictícia.
d) Moacir, que em tupi quer dizer “filho da dor”, é levado por Martim para a Europa.
e) o romance é narrado em terceira pessoa, com narrador onisciente.

05. (UESPI 2011) Após a independência econômica e política faltava ao Brasil a independência cultural. Foi com essa vontade de construir uma literatura autenticamente brasileira e absolutamente diversa da portuguesa e europeia, que o nosso Romantismo estabeleceu seus parâmetros estéticos e ideológicos. Sobre o romance Iracema, de
José de Alencar, aponte a alternativa correta:

A) Em Iracema, já é possível perceber o destaque dado ao papel do negro na construção da identidade brasileira.
B) A fim de valorizar a figura do índio, Alencar não o idealiza e o retrata de forma minuciosamente descritiva e realista.
C) Em Iracema, os personagens se mostram psicologicamente densos e, por isso, oferecem ao leitor a possibilidade de todas as suas atitudes e escolhas serem problematizadas do ponto de vista psicológico e antropológico.
D) Ao invés de descrever as cenas de amor carnal entre Martim e Iracema, de forma explícita e sensual, José de Alencar prefere retratá-las romanticamente, através de um rico jogo de imagens, comparações, efeitos linguísticos e sobreposição de imagens.
E) A descrição da cor local brasileira (fauna e flora) são meros detalhes e não apresentam maior importância ou significado no projeto literário de José de Alencar.

06. (UESPI 2011). Ainda sobre Iracema, de José de Alencar, assinale a alternativa incorreta.

A) O culto ao índio em Iracema, assim como também em O Guarani, reflete a necessidade de “origem”, de mitologia local e da construção de uma história essencialmente Brasileira.
B) A ideologia e o projeto literário que subjazem à Iracema refletem a forte influência que Alencar sofreu da literatura romântica francesa, mais particularmente de Chateaubriand.
C) Iracema compõe, ao lado de O Guarani e Ubirajara, a fase indianista-nacionalista dos romances de José de Alencar.
D) Em Iracema, a forma como é representada a relação entre o índio e o branco tem como objetivo enaltecer o processo de colonização e os benefícios da introdução da cultura ocidental entre os indígenas.
E) Uma das maiores qualidades literárias de José de Alencar, e que está presente em Iracema, é a capacidade de entrelaçar a descrição poética, a narrativa e o tom épico.

07. (UESPI 2011). Sobre Iracema, também se pode afirmar o seguinte.

A) O romance entre Martim e Iracema se desenrola transgredindo os códigos literários do Romantismo. Isto é, não apenas quebra com a expectativa do leitor, como também não recorre ao sentimentalismo.
B) Iracema, a guardiã do “segredo da jurema”, deixa sua tribo para trás e escolhe seguir Martim, guerreiro branco por quem se apaixonara.
C) O próprio José de Alencar chamou seu Iracema, não de romance, mas de “lenda”. Isto porque encontramos ao longo do livro uma profícua discussão filosófica e psicológica acerca das consequências da colonização portuguesa.
D) Personagens machadianas, como Capitu, Virgília e Sofia, apresentam perfis que reproduzem um modelo literário que no Brasil teve como marco inicial Iracema.
E) Em Iracema, diferentemente do que ocorre em quase toda sua produção, Alencar opta por abordar o tema da identidade nacional de uma perspectiva psicológica e não histórica. Justamente por isso, esse romance é considerado o ponto alto de sua prosa poetizada.

08. (UEL) Examine as proposições a seguir e assinale a alternativa INCORRETA.

(A) A relevância da obra de José de Alencar no contexto romântico decorre, em grande parte, da idealização dos elementos considerados como genuinamente brasileiros, notadamente a natureza e o índio. Essa atitude impulsionou o nacionalismo nascente, por ser uma forma de reação política, social e literária contra Portugal.
(B) Ao lado de O guarani e Ubirajara, Iracema representa um mito de fundação do Brasil. Nessas obras, a descrição da natureza brasileira possui inúmeras funções, com destaque para a "cor local", isto é, o elemento particular que o escritor imprimia à literatura, acreditando contribuir para a sua nacionalização.
(C) Embora tendo sido escrito no período romântico, Iracema apresenta traços da ficção naturalista tanto na criação das personagens quanto na tematização dos problemas do país.
(D) A leitura de Iracema revela a importância do índio na literatura romântica. Entretanto, sabe-se que a presença do índio não se restringiu a esse contexto literário, tendo desembocado inclusive no Modernismo, por intermédio de escritores como Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
(E) O contraponto poético da prosa indianista de Alencar é constituído pela lírica de Gonçalves Dias. Indiscutivelmente, em "O canto do guerreiro" e em "O canto do piaga", dentre outros poemas, o índio é apresentado de maneira idealizada, numa perpetuação da imagem heróica e sublime adequada aos ideais românticos.

09. (UFU-MG) Sobre Iracema, de José de Alencar, podemos dizer que:

1) as cenas de amor carnal entre Iracema e Martim são de tal forma construídas que o leitor as percebe com vivacidade, porque tudo é narrado de forma explícita.
2) em Iracema temos o nascimento lendário do Ceará, a história de amor entre Iracema e Martim e as manifestações de ódio das tribos tabajara e potiguara.
3) Moacir é o filho nascido da união de Iracema e Martim. De maneira simbólica ele representa o homem brasileiro, fruto do índio e do branco.
4) a linguagem do romance Iracema é altamente poética, embora o texto esteja em prosa. Alencar consegue belos efeitos lingüísticos ao abusar de imagens sobre imagens, comparações sobre comparações.

Assinale:

(A) se apenas 2 e 4 estiverem corretas.
(B) se apenas 2 e 3 estiverem corretas.
(C) se 2, 3 e 4 estiverem corretas.
(D) se 1, 3 e 4 estiverem corretas.

10. (PUC-SP) A próxima questão refere-se ao texto abaixo.

Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.


Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um todo, é possível afirmar que:

(A) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da América.
(B) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os Pitiguaras.
(C) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira.
(D) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como um romance histórico.
(E) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e significa “lábios de fel”.



Gabarito

01. A
02. B
03. B
04. C
05. D
06. D
07. B
08. C
09. C
10. C